terça-feira, 24 de julho de 2007

Missiva a Pedro Leal

Meu amigo, eu sempre achei que as coisas deixariam de ser tão interessantes quando você conseguisse vislumbrar até onde um caminho poderia te levar. Um pouco de inteligência e discernimento te possibilitam antever certas coisas, até nem tão obvias. Isso aconteceu comigo, no Aikido, depois de pegar a faixa preta, treinando na Academia Central de São Paulo. Eu me desiludi de tal forma que fui para o Judo, porque não precisaria comprar outro Kimono e poderia disputar as Olimpíadas. Mas lá estavam os mesmos cabeçudos de sempre. Aliás, cabeçudos há em todo lugar, no Karate, no Judo, no Aikido... enfim. Até que fiquei sabendo, assim por alto, de pessoas que haviam deixado de ser seres humanos comuns, e tomei conhecimento disso estudando Shiatsu e Acupuntura. Se existem pessoas que conseguem tirar uma dor de cabeça com as mãos, existem outras que tratam pessoas com cancêr e até, ouvi dizer, houve um homem que devolveu a luz aos olhos de um cego. Esse mesmo homem chegou a ressucitar um morto, coisa incrivel. Incredulidades a parte isso serviu para mostrar que existem níveis de desenvolvimento em nós, como seres humanos mesmo. E se da mesma forma que eu quando resolvi que seria mais desprendido das coisas fui para Natal e encontrei muitos que queriam o mesmo e até você, meu amigo. Quando decidi que o aprimoramento seria meu caminho encontrei pelo menos mais uma pessoa. Ao meu ver um grande homem, como nunca havia conhecido antes, e que agora me serve de referência e me orienta.
A falta que você me faz, é a falta de ter alguém que consiga entender o que deixa de ser o senso comum...

2 comentários:

pedrogermanoleal disse...

A Ricardo Miyajima,


Meu amigo, respondo à sua carta com certo atraso cronológico – mas no momento mais preciso. Antes de tudo, permita-me dizer: fez-me um bem enorme tê-la lido e você me escreveu no instante mais necessário.
Os caminhos que trilhamos são tentativas de ver sentido em tudo, talvez afirmar algo que já sentimos, e o drama parece surgir quando justamente quando percebemos que cada coisa na natureza acaba assumindo, graças à nossa confusão e idealizações, cada vez mais significados – que num momento ou outro, findam entrando em conflito entre si. Quando voltamos ao foco, então, as quimeras que inventamos nos enfrentam. É essencial encarar esses meandros com força, com presença e coragem. A inteligência as cria e destrói no ritmo contínuo da nossa grandeza: há que se suportar.

Fiz opções na vida pela ocasião propícia, assim foi que estudei letras quando era impossível estudar arte (os livros, que eu silenciava quando quisesse, eram mais fiéis do que pretensos professores de pintura). Assim foi que deixei Natal no começo desse ano; rumo a um exílio voluntário numa cidade de interior – estarrecendo e torcendo o nariz de todos que torciam pelo prometido doutorado na França e esperavam que eu me tornasse refém das minhas virtudes. Sim, as virtudes cobram um alto tributo – mesmo as que nem reconhecemos, ou desprezamos.

Não preciso de grande esforço pra lembrar de quando nos conhecemos; foi justamente quando entendi o que pretende ser o Aikido – à parte dessa sinceridade tão repetida e pouco vivida dali: conheci um grande homem a quem não interessava subjugar ou enaltecer – sei nos entendemos, antes de qualquer coisa, em silêncio e respeito; e daí te devoto a mais alta amizade e admiração, guardando grandes lições que aprendi contigo e a camaradagem ímpar que divido.
Você faz muita falta, meu amigo, e tenho um enorme orgulho da tua amizade.

Unknown disse...

Nossa fiquei boquiaberta diante de tanto carinho e admiração...

puxa estou emocionada com ambos depoimentos de afeto...

parabéns por essa amizade linda!