quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Discernimento















A maioria das criaturas são como folhas arrancadas, a flutuar e revolver-se no ar até ir ao chão. Outras porem, parecem-se com os astros que andam numa órbita fixa, sem que nenhum vento possa alcançá-los, e têm em si próprios sua lei e sua rota. Dia a dia, milhares de alunos ouvem os ensinamentos, obedecem aos seus preceitos. Mas são todos como folhas arrancadas, uma vez que não possuem em si a compreensão e a sabedoria...

Nair Fernandez



Ás vezes minha menina fala como se fosse criança, de um jeito tão meigo que chega até a doer. Eu sempre peço pra ela repetir o que disse, e ela se nega, porque essas coisas devem acontecer naturalmente. A minha menina se veste tão bem. Diz que se faz bonita para mim, e eu, bobo que só, acredito e ainda fico feliz. Vestidos caem tão bem nela, anéis e brincos também. Se fosse atriz de cinema, faria papel de cigana. Ela beija tão gostoso e me ensinou que o beijo é o mais importante na relação...

Um dia qualquer

Me lembro bem de uma noite sem lua, num final de semana qualquer, em que pela primeira vez estivemos a sós, deitados na rede, trocando carinhos, vivendo juntos uma gostosa ilusão, um belo sonho, delicado demais pra ser verdadeiro, tão bonito que não precisava ser sincero. Conveniente. Pela graça que tem as coisas que acontecem sem razão e por mais que tivessemos nossos planos, pelo menos dessa vez foi diferente. Sem conselhos, nem intromissão, nada premeditado, e por que a vida é assim, não éramos um casal perfeito. Cada um de nós havia vivido seus anos loucos, aproveitado de intenso, demais até, para que pudessemos nos condenar um ao outro. E se a coisa toda não der certo, ainda assim já terá valido a pena, porque nem tudo o que acontece pode ser considerado bom ou mal. Quando se esta vivendo, acerta-se às vezes e também se erra muito, sem que isso seja mais importante que apenas seguir em frente. O importante é compreender, que é assim, e acho bom que seja...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Familia

Na época, quando haviam crianças pequenas em casa, eu quase nunca os via acordados. As vezes chegava onze, onze e meia da noite, e já às quatro estava de pé, fazendo oração. E sempre no final da tarde, quando passava de carro na frente das casas, indo pra academia, ou indo atender cliente, eu via pela janela das casas, as familias reunidas, jantando todo mundo junto, e sentia doer dentro do peito. Eu sabia que meus filhos estavam em casa sem o pai. Mas fazer o quê, tinha que trabalhar né. Naquela época não sabia cobrar. Cobrava barato a consulta e tinha que atender bastante gente...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

A dor de querer bem
























Minha dor é a dor de um homem que procurou dentro de cada ser humano um valor que não se tem ao nascer, mas que foi agregado a você a cada queda, a cada tentativa frustrada de querer fazer a coisa certa mesmo quando o mundo inteiro não o faz. Minha dor é a dor de reconhecer, abaixo de cada lágrima um brilho perdido no olhar. A dor de ver seguir em frente alguém que se deixou abater. Mas o que dói bem fundo, é ver teu coração fechado, endurecido pelas feridas cicatrizadas que vão se acumulando uma sobre as outras. Minha dor é reconhecer-te a mais bela dentre todas. Mas tão fragil que me toma de medo o abraço. O que me dói e me faz sofrer é estar cativo de alguém que talvez não consiga mais amar. E doar-se é tão diferente de se entregar. Minha dor tem a ver com o medo de tocar em feridas que ainda sangram. E como me dói o medo de te perder...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Academia Central de Aikido RN















Na barraquinha de açai da praça de alimentação da Cidade Jardim, foi que vi um cartaz soberbo, com os dizeres de Academia Central do Rio Grande do Norte. Na foto a imagem de tudo o que se imagina de um mestre: um senhor japonês, velhinho, magnificamente trajado e imponente em sua postura. Peguei o endereço mas quem me recebeu foi um rapaz jovem, Rodrigo, o responsavel pela academia. Eu me lembro que fiz força pra não achar o cara bonito, mas não tinha jeito, o encanto que exercia naquele contexto atraiu em torno de si muitas das pessoas que seriam as mais importantes da minha vida até então. E naquela pequena academia que funcionava sobre uma farmacia é que me foi apresentado o Aikido. E independente da proporção que essa arte atingiria mais tarde para mim, foi lá que tudo começou, com aquelas pessoas e sob a orientação daquele rapaz um pouco mais velho que eu e a quem ainda hoje sou grato por ter tentado me ajudar de todas as formas possiveis...

Fabrizzio Rugeri





















Quando estávamos ainda nos conhecendo e você me mostrou aquele quadro que você tinha pintado em que o sensei Rodrigo fazia exame de faixa com Steven Seagal e na banca examinadora estavam Jesus Cristo, o Buda, Dalai Lama, todos juntos, com o sol e a lua, Marte e Vênus, e uma coisa simbolizava isso e outra aquilo, naquele dia eu me achei muito careta, muito conservador e soube que muita coisa ainda estava por vir...

Daniele





















Ainda me lembro do impacto que essa menina causou quando entrou no Dojo. De macacãozinho, cabelo curto, o sorriso enorme, toda linda e faceira, com aquele jeitinho sonso que só as mais sapecas sabem fazer. Alguns cairam de amores outras odiaram, e foi o começo da fase Barrados no Baile que tomou conta da Academia Central RN...

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Rafael Telles





















Lembra-se de quando íamos à praia desejando que um grupo de loiras suecas ninfomaniacas e sedentas por sexo nos procurassem para que pudessemos proporcionar horas de prazer ininterrupto, e assim mostrar às gringas que tudo que se fala do homem brasileiro não é lenda, mas a mais pura verdade. É, a época de temporada sempre provocou esse tipo de fantasia, ainda mais quando víamos os turistas europeus, italianos em sua maioria, gastando rios de dinheiro com as putas horriveis de Ponta Negra. Mas o mais próximo disso foram aquelas duas guauchinhas que pegaram o número do meu celular. A que você gostou queria ficar comigo e vice versa. Naquela época éramos impacientes, você até ficou bravo com elas, mas ainda hoje eu acho que ali dava jogo...

Patrick Vilela





















É meu amigo, tivemos pouco contato, mas éramos da turma da Ponta Negra e com você ficou a pintura da Ana Paula Arosio que eu fiz pra atenuar meus momentos de solidão...